quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Minha coluna na Gazeta 24 horas


Em terra de cego…

Durante essa semana fiquei pensando em qual assunto gostaria de abordar aqui nesse espaço semanal de conversa que temos, pensei, pedi sugestões e até fiz uma brincadeira nas redes sociais se eu devia escrever sobre a eleição de Renan Calheiros ou sobre os novos desdobramentos da personagem Morena da novela global “Salve Jorge”. Obviamente que por não ser um critico de televisão e também não ter mais paciência para aguentar essa trama com excessos de fantasias em cima em um tema altamente real e pertinente, acabei optando por falar sobre a volta de Renan Calheiros PMDB/AL ao comando do senado federal, mesmo com tanta pressão por parte da sociedade e até por uma tímida e mal orquestrada reação da oposição em lançar uma candidatura alternativa, a do senador Pedro Taques do PDT/MT.
Ora, parece que nossos queridos senadores sofrem de algum processo de “autismo político”, parecem viver completamente fora da realidade. Como explicar então, que um senador que foi denunciado pelo ministério público, que foi obrigado a renunciar ao mandato em 2007 para não ser cassado, que enviou notas fiscais falsas para justificar pagamentos realizados por lobistas de despesas que tinha com sua amante, como um senador com essa enorme “folha corrida” pôde ser reconduzido ao cargo máximo do congresso nacional? Sei que existe uma tradição nas duas casas legislativas do País de que a maior bancada tem direito a ocupar a presidência, mas eu pergunto: Será que o PMDB não tinha outro nome para indicar? E mais, será que Renan é um senador de tanta confiança da presidência da república a ponto do palácio do planalto ter investido pesado na eleição dele?
Foi triste ver políticos com uma história de lutas, sérios, que acabaram se curvando às ordens palacianas e ajudando a eleger um político como Renan Calheiros. Não valeu de nada um abaixo assinado que correu pela internet com mais de 300 mil assinaturas exigindo que Renan não pudesse ser sequer candidato. Tudo foi ignorado em nome da “governabilidade”. Foi triste perceber que pessoas de bem utilizaram as redes sociais para dizer que Renan foi ministro de FHC, por isso, não havia problema nenhum em receber o apoio do PT (lembram que Renan foi líder do PRN, partido de Collor em 1990 e que dizia que o PT representava uma ameaça para o Brasil). A cegueira de nossos líderes políticos é tão grande que não deram nenhuma importância ao que uma parte grande da sociedade exigia.
Foi triste assistir, impotente, ao senador Fernando Collor de Mello fazer ataques à procuradoria geral da república em defesa de seu ex-líder na câmara dos deputados (qual a autoridade moral de Collor para acusar alguma instituição desse País?). Mas foi isso que aconteceu, a maioria esmagadora dos senadores preferiu manchar o nome da casa e elegeu Renan. Nem a oposição, que chegou dar uma esperança de reação, foi capaz de ficar unida. Senadores do PSDB foram os primeiros a passar para o lado de Renan. Foi lamentável.
Só nos resta continuar fiscalizando, denunciando e lutando contra toda forma de abuso político. Não é possível continuar votando tão mal, sem compromisso nenhum com o País. Precisamos aprender a nos defender de políticos desonestos e somente poderemos fazer isso, votando com mais qualidade, não elegendo gente que depois vire as costas e ignore nossos desejos. Eu vou continuar minha luta contra esse tipo de gente, não descansarei enquanto eu não viver em uma sociedade mais consciente, mais comprometida e mais participativa. Pois a pior cegueira, é a da omissão.




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